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ONGOING PROJECT
TraSeafood
Rastreabilidade da Origem Geográfica como uma Via de Valorização Inteligente dos Recursos Marinhos Endógenos

O projeto TraSeafood (PTDC/BIA-BMA/29491/2017) teve como principal objetivo rastrear o local de origem geográfica de vários recursos marinhos endógenos de elevado valor comercial, capturados e/ou produzidos ao longo da costa oeste e sudoeste da Península Ibérica, através da utilização de assinaturas elementares e/ou bioquímicas.

 

Principal Investigator

Ricardo Calado

Programme

Programa Operacional da Competitividade e Internacionalização (02/SAICT/2017)

Timeline

2018.06.01 – 2021.05.31 (36 Meses)

Funding Institution

FCT - Fundação para a Ciência

e a Tecnologia

Funding for CESAM

239 579 €

Total Funding

239 579 €

Proponent Institution

Universidade de Aveiro

Logo TraSeafood.png

Num esforço sem precedentes para desenvolver uma metodologia integradora que permita a rastreabilidade da origem geográfica de recursos marinhos endógenos, foram amostradas várias espécies com elevado interesse económico. Destas merecem destaque a planta halófita conhecida como espargo do mar (Salicornia ramossima), a macroalga conhecida como alface do mar (Ulva rígida), vários invertebrados de interesse comercial, em particular berbigão (Cerastoderma edule), diferentes espécies de ameijoas (Ruditapes decussatus e R. phillipinarum), polvo (Octopus vulgaris), percebes (Pollicipes pollicipes), e diferentes espécies de peixe, com ênfase na sardinha (Sardina pilchardus).

Durante o projeto TraSeafood foram amostrados 35 locais, percorridos ≈8000 Km,  e e recolhidas e processadas ≈22000 amostras. Para além da equipa de investigação do projeto TraSeafood, estiveram envolvidos mais de 30 outros colaboradores nacionais e estrangeiros (entre investigadores, docentes, bolseiros e alunos).

As assinaturas elementares dos organismos recolhidos foram determinadas, por exemplo, nas conchas de bivalves, nos bicos de polvo, nas mandíbulas de poliquetas, nas escamas de sardinha, e nas placas ósseas de cavalos-marinhos. Estas análises foram realizadas recorrendo à utilização de ICP-MS (Inductively Coupled Plasma Mass Spectrometry). As assinaturas bioquímicas, nomeadamente do perfil lipídico dos organismos amostrados, foram realizadas, por exemplo, em todo o tecido edível das macroalgas e das plantas halófitas, no músculo adutor de bivalves e no músculo de polvo, percebes e sardinha. Estas análises foram realizadas recorrendo à utilização de GC-MS (Gas Chromatography Mass Spectrometry) e HILIC-LC-MS (Hydrophilic Interaction Liquid Chromatography Mass Spectrometry).

Os modelos estatísticos agora estabelecidos têm em consideração a variabilidade e a complexidade das assinaturas elementares e bioquímicas determinadas. Permitem também confirmar, com elevado grau de confiança, a origem geográfica de recursos marinhos endógenos provenientes da pesca e da aquacultura, com uma resolução espacial inferior a 1 km. A título de exemplo, os modelos desenvolvidos permitem discriminar sardinhas descarregadas em diferentes portos de pesca ao longo da costa oeste e sudoeste da Península Ibérica, assim como poliquetas capturados como isco vivo em diferentes canais da Ria de Aveiro, ameijoa boa produzida em nove concessões contíguas na Ria Formosa, ou ainda cavalos-marinhos da mesma espécie produzidos em aquacultura em Faro (Algarve, Portugal) ou em Vigo (Galiza, Espanha).

No âmbito deste projeto foi ainda possível aferir a importância da variabilidade sazonal e inter-anual, da filogenia nas assinaturas elementares e bioquímicas das espécies estudadas, bem como do tempo de armazenamento das amostras, uma vez que estes fatores podem dificultar a discriminação da origem geográfica dos organismos em estudo. Foi demonstrado que, em cenários particulares, as assinaturas elementares de uma espécie podem ser usadas com sucesso para discriminar a origem geográfica de uma outra espécie filogeneticamente próxima (surrogate species), mas que para alguns recursos marinhos endógenos de valor comercial esta abordagem nem sempre é possível.

O projeto TraSeafood demonstrou de forma clara e inequívoca que as metodologias desenvolvidas são fiáveis, e que permitem a verificação das denominações de origem dos produtos de pesca e aquacultura, ao longo da cadeia de valor (from farm to fork and back). É assim possível a sua diferenciação e valorização, bem como expor práticas fraudulentas resultantes de pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (IUU Fishing). Esta última componente permitiu estreitar a colaboração com a Autoridade Marítima Nacional, através da realização de amostragens periciais que, por exemplo, confirmaram a apanha ilegal de ameijoa japonesa em zona interdita do Estuário do Tejo, e a sua comercialização fraudulenta através da alegação errónea que citava o Estuário do Sado como a sua origem geográfica.

A certificação de origem de recursos marinhos endógenos, sejam eles provenientes de pesca ou aquacultura, é um passo fundamental para a promoção de uma valorização inteligente destes recursos endógenos, em linha com as Estratégias de Especialização Inteligente (RIS3) nacionais e a Estratégia Nacional para o Mar. A verificação da origem geográfica destes produtos de origem marinha permite ainda uma gestão mais eficaz e mais sustentável dos seus mananciais, através do combate à pesca ilegal, não declarada e não regulamentada. Por fim, esta certificação de origem garante ainda ao consumidor final um maior nível de segurança alimentar, reforçando a perceção de confiança nas autoridades competentes através da fiscalização de um grupo de alimentos que os consumidores continuam a considerar como sendo saudáveis e fonte de bem-estar: os produtos alimentares de origem marinha.

Project funded by

TraSeafood FCT e afins.png
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